Quase tudo a postos para o início do CPR mais “verde” da história
A uma semana do arranque do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR) que abre uma mudança de paradigma, ao avançar para a utilização obrigatória de gasolinas 100% renováveis pelos carros da categoria Rally2, na linha do Código de Sustentabilidade Ambiental implementado pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) em 2022, está quase tudo a postos para o início de uma nova era. Equipas e pilotos, os grandes protagonistas, não deixam, por aquilo que foi possível perceber, de encarar a “novidade” com alguma expetativa, até porque uma grande parte já utilizou aquele tipo de combustíveis… por terem alinhado na prova do WRC do Vodafone Rally de Portugal. “De um modo geral, pode dizer-se que a utilização da gasolina sintética em 2024 foi um tema recebido de forma tranquila pelas equipas, até porque em 2025, e seguindo as diretrizes estabelecidas pela FIA na sua Estratégia Ambiental, passará a ser obrigatória em todos os campeonatos”, recorda Ni Amorim, presidente da FPAK.
O regulamento do CPR determina esta época a utilização de combustível do tipo AS – Advanced Sustainable aos veículos da categoria Rally2, afinal os que discutem a primazia da classificação absoluta, enquanto para os Rally3, Rally4 e Rally5 é apenas recomendada, mas não obrigatória, a utilização de combustíveis sintéticas com redução de, pelo menos, 50 por cento das emissões de CO2. Contudo, esta situação nas três categorias mencionadas será reavaliada para 2025.
A escolha da marca de gasolina sintética é livre, havendo no mercado diferentes fabricantes, sendo que pelo facto de cada uma possuir as suas próprias características, há um mapa de motor específico definido para veículos tão distintos como o Skoda Fabia, o Hyundai i20, o Citroen C3, o VW Polo, o Ford Fiesta ou o Toyota Yaris. “Basta ligar o computador portátil à caixa eletrónica do carro para transferir e instalar o mapa do motor. E no écran do painel de bordo surge logo, por exemplo, o nome do combustível a utilizar quando esse procedimento está concluído”, referiu um dos técnicos de uma equipa. Os departamentos de competição dos construtores dos Rally2 são quem produz e fornece os imprescindíveis mapas do motor às equipas cliente para a utilização de gasolina sintética.
A equipa mais eclética do CPR em 2024, a Racing 4 You, que vai prestar assistência a um quarteto de pilotos com carros distintos – João Barros (VW Polo), Pedro Meireles (Hyundai i20 N), Lucas Simões (Ford Fiesta) e Ricardo Filipe (Skoda Fabia) – irá utilizar, segundo adianta o manager Manuel Castro, tanto a gasolina ETS como a P1.
Neste momento, a ARC não tem ainda definido quem será o seu fabricante de gasolina sintética para os quatro veículos que estarão aos seus cuidados técnicos em Fafe: os Skoda Fabia Rally2 evo de Pedro Almeida, de Paulo Neto e do campeão açoriano Rúben Rodrigues. Ernesto Cunha, que no final da época passada adquiriu um Citroen C3 Rally2 à Sports & You e já efetuou vários testes com o carro francês, tem garantida a assistência da equipa de Aguiar da Beira em 2024, mas, curiosamente, poderá optar por outro carro… “Ainda não é certo que alinhe com o Citroen C3, pois há outros cenários em cima da mesa. Só no final desta semana haverá uma decisão final, mas o nosso projeto inclui a disputa das oito provas do CPR”, confessou o campeão nacional de duas rodas motrizes de 2022.
A Sports & You, a equipa portuguesa de ralis mais internacional das últimas temporadas, que no CPR continuará, a tempo inteiro, com José Pedro Fontes (Citroen C3) e os dois Hyundai i20 N de Kris Meeke e de Ricardo Teodósio, do Team Hyundai Portugal, vai surgir “reforçada” em Fafe com o boliviano Marco Bulacia (Citroen C3), piloto oficial da Citroen Racing no WRC2, o britânico Harry Hunt (Citroen C3) e ainda Diogo Salvi (Skoda Fabia Rally2 evo). A equipa sediada em Paredes não divulga qual a(s) marca(s) de gasolina sintética que utiliza.
A The Racing Factory (TRF), à semelhança das duas épocas anteriores, apresenta apenas um Rally2 no CPR, o Skoda Fabia RS Rally2 do heptacampeão nacional Armindo Araújo. Segundo Aloísio Monteiro, manager da equipa de São Paio de Oleiros, a escolha do combustível recai na P1, habitualmente utilizada pela TRF no WRC.