GONÇALO HENRIQUES CAMPEÃO DO CPR DE DUAS RODAS MOTRIZES “Ainda tenho muito a aprender e a melhorar como piloto”
Gonçalo Henriques conquista título nas 2 Rodas Motrizes
Foi a ver vídeos das participações de uma antiga estrela dos ralis mundiais como o francês Jean Ragnotti, então aos comandos do Renault Clio Williams, que Gonçalo Henriques, o recém-coroado campeão de Portugal de Ralis de 2RM (duas motrizes), começou a despertar como futuro piloto. O pai (José Henriques), com… um Renault Clio Williams, competia no Campeonato Regional de Ralis do Centro e o filho Gonçalo adorava seguir de perto essas “aventuras” do progenitor. Curiosamente ou não, o jovem piloto de Vila Nova de Poiares estreou-se num rali ao volante desse mesmo Clio Williams, em 2018, até surgir, a época passada, inscrito no FPAK Júnior Team. Resultado: sagrou-se vencedor dessa iniciativa pioneira da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting lançada para apoiar e incentivar a carreira de jovens pilotos nos ralis. E o investimento financeiro da FPAK estendeu-se a esta época, quando Gonçalo Henriques e a equipa Domingos Sport decidiram, depois do Rali Terras D’Aboboreira, apostar na evolução do Renault Clio Rally5, optando pelo “kit” Rally4. O aumento do nível de competitividade do carro francês possibilitou ao jovem Gonçalo Henriques subir para outro patamar, culminando com o título de campeão do CPR 2RM.
“O Ricardo Domingos e o Adruzilo Lopes foram duas peças-chave para a conquista do título”
– Pode dizer-se que o novo campeão de Portugal de 2 RM aprende e evolui rápido? Num ano vence o FPAK Júnior Team e na época seguinte conquista um título de campeão nacional…
“Eu evoluí de forma rápida, mas ainda tenho muito a aprender e a melhorar como piloto. A evolução foi grande, sem dúvida, para o que contribuiu estar sempre rodeado de pessoas que me ajudaram imenso, como o Ricardo Domingos e o Adruzilo Lopes, que foi fundamental para a minha progressão. Eles foram duas peças-chave para a minha conquista do título de duas rodas motrizes”.
– Que facto foi mais determinante para a conquista do título, analisando a época?
“Acreditar sempre que era possível e depois que apenas dependia de nós. Nunca baixámos os braços com a fé de que poderíamos evoluir até ser os mais rápidos na estrada, como veio a suceder. As vitórias nos dois últimos ralis foram essenciais para vencer o campeonato”.
“A vitória no Rali da Água deixou-nos mais motivados do que nunca e sempre a acreditar que era possível”
– Depois das saídas de estrada no Algarve e em Castelo Branco, chegaste a baixar os braços ou a pensar que os objetivos da época poderiam ficar comprometidos?
“Na verdade, o nosso principal objetivo era o Campeonato de Portugal Júnior de Ralis e de início os planos apontavam para disputar apenas esses seis ralis, de modo que com os despistes no Algarve e em Castelo Branco comprometemos tudo. Depois optámos por fazer o Serras de Fafe e foi quando decidi inscrever-me no CPR, até porque, entretanto, conseguimos a ajuda de um patrocinador, a ASR Tyres, dos pneus Kumho, para Fafe e para o Rali de Portugal. A hipótese de ganhar o Campeonato Júnior esfumou-se com as duas saídas de estrada já referidas e depois, quando faltavam ainda três ralis do Campeonato 2RM estávamos em boa posição. Claro que o despiste em Castelo Branco complicou tudo, dada a falta de tempo para recuperar o carro, e no Rali da Madeira utilizamos o Clio do outro piloto da equipa Domingos Sport, Nuno Coelho. Em Chaves, no Rali da Água, regressamos aos comandos do nosso carro, conseguimos vencer e esse primeiro lugar deixou-nos mais motivados do que nunca e sempre a acreditar que era possível. Sabia bem o que fazer no Rali Vidreiro…”
– Ser campeão 2RM era um sonho tido como muito difícil de concretizar?
“Claro que sim! Aliás, há um ano ou dois eu nunca pensei que, um dia, fosse possível participar num rali do CPR quanto mais cumprir a totalidade do calendário. Ser campeão nacional era um sonho muito difícil de concretizar, mas a participação no FPAK Júnior Team e, principalmente, os apoios da FPAK e da Domingos Sport foram determinantes para concretizar esse sonho. Estou-lhes muito grato por tudo o que fizeram por mim”.
“A passagem para um Rally2 seria prematura e não sei se a opção lógica e certa neste momento”
– E agora, que perspetivas se abrem em relação ao futuro? Está em equação a troca do Renault Clio Rally4 pelo volante de um Rally2?
“Não, penso que é demasiado cedo para dar esse passo, embora ainda não tenha nada definido. Vamos analisar as possibilidades que temos e que são viáveis para o meu crescimento como piloto. Desejo muito chegar mais longe, mas parece-me que a passagem para um Rally2 seria prematura e não sei se a opção lógica e certa neste momento. Lá mais para diante, claro que sonho em guiar um carro desses, mas também estou consciente que este é um desporto caro e os custos serão muitíssimo maiores. É que já não foi fácil, em termos financeiros, garantir os apoios para montar este projeto que nos levou ao título… E teremos que trabalhar bastante para 2024, pois ainda não é certo dispormos de patrocinadores para repetir a participação no Campeonato 2RM e defender o título agora conquistado”.