Aos 24 anos, Pedro Pereira, que foi navegado por João Aguiar, ao volante do KIA Picanto GT, sagrou-se vencedor do FPAK Júnior Team de ralis na época de 2024 no Rali de Viana do Castelo, a última prova da temporada e para a qual partira com um ponto de vantagem face a Rafael Rego. Na hora do tudo ou nada, o piloto de Vila Nova de Famalicão, assistido pela equipa MNE Sport, revelou-se o mais forte para fazer a festa e deixar, em termos de futuro, uma luz no fundo do túnel…

Oriundo de uma família de pilotos – o pai, Armando Pereira, competiu durante várias épocas em ralis na região do Minho entre 2001 e 2013, e o irmão mais velho de Pedro, Márcio, seguiu as pisadas do progenitor –, desde miúdo que os ralis fazem parte da vida de Pedro Pereira.

“Eu praticamente cresci nas assistências [dos ralis], onde toda a gente me conhece…”, conta o jovem de Famalicão, ainda emocionado pelo sucesso que acabara de alcançar.

“Sabia que o piso ia estar difícil, devido à chuva, mas também é nestas condições que gostamos de andar. Esta prova resumiu-se muito a rodar no limite de princípio ao fim. Acho que só levantámos o pé no último troço. Foi um grande rali e acho que merecemos a vitória”, acrescentou.

Quando questionado sobre quem foram os seus principais conselheiros ou mentores nesta “aventura”, retorquiu:

“Tive muitos mentores e conselheiros, aos quais agradeço a colaboração e amizade. Neste último rali tive bons ‘batedores’, como o Miguel Carvalho e o João Pedro Sousa. Houve muita gente que ajudou e deu dicas importantes. Mais uma vez, obrigado a todos”.

“Sentimos que o nosso rival nos desvalorizou um pouco, pensando que tinha o campeonato ganho”

– Qual é a sensação que o Pedro Pereira está a viver, neste momento, depois de se sagrar campeão da FPAK Júnior Team?

“É um bocado difícil de descrevê-la, ainda estamos a digerir tudo o que aconteceu. Temos que ir ao pódio para sentir de forma mais realista aquilo que conquistámos, mas foi muito bom!…”.

– Houve alguma preparação especial para este rali decisivo?

“Não, porque sabia que estávamos a trabalhar bem durante a época e mantivemos a estratégia. Acho que fomos a dupla mais consistente. O nosso adversário tinha um ritmo muito forte em alguns ralis, mas noutros, estranhamente, baixava bastante de rendimento. Nós conseguimos ser consistentes, andar sempre bem e no final a vitória foi nossa”.

“O momento mais baixo acabou por ser o… mais alto e que nos deu mais força: o acidente no Rali da Água, quando capotámos”

– Houve algum momento crítico ou de descrença durante a época?

“Não, pelo contrário. Direi que o momento mais baixo acabou por ser o… mais alto e que nos deu mais força: o acidente no Rali da Água, quando capotámos. Fizemos um esforço enorme para chegar ao fim da prova e conseguimos, amealhando pontos muito importantes. Sentimos que o nosso rival nos desvalorizou um pouco, pensando que tinha o campeonato ganho, mas ficou bem claro que as competições apenas terminam no último parque fechado”.

“Não tenho possibilidades financeiras para fazer ralis se não fosse esta oportunidade proporcionada pela FPAK eu não estaria cá”

– Este é o início de uma carreira que pode vir a ter horizontes bonitos?…

“Como já era do conhecimento da minha equipa, a MNE Sport, eu não tenho possibilidades financeiras para fazer ralis se não fosse esta oportunidade proporcionada pela FPAK eu não estaria cá. Portanto, eu sabia que tinha de ganhar este FPAK Júnior Team, se não era o fim da minha carreira, se assim se lhe pode chamar, antes de tudo isto ter início. Começamos como uns desconhecidos e estamos aqui, agora, como vencedores. O passo seguinte, não sei, mas para já vamos saborear esta vitória, que é o mais importante no momento”.

– Em relação a 2024 não faz ideia, para já, do que pode vir a acontecer?…

“A única coisa que sei é que quero continuar a fazer ralis e se o conseguir será muito bom”.

“Tenho a certeza que poderemos fazer coisas interessantes se conseguirmos reunir os apoios necessários”

– Vai, então, aguardar que lhe tragam boas notícias referentes a 2024…

“Não faço ideia do que acontece a partir daqui, nunca pensámos muito nisso. Fomos andando rali a rali, troço a troço, agora estamos aqui… Vamos estabelecer contactos, reunir com patrocinadores, enfim, tentar projetar a época de 2024. Tenho a certeza que poderemos fazer coisas interessantes se conseguirmos reunir os apoios necessários. Vamos ver, o futuro e 2024 está já aí… e nós queremos continuar nos ralis”.