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“Tínhamos o sonho de poder discutir a vitória ou ficar perto dela”

Emanuel Figueiredo

Uma das surpresas no recente Rali Terras D’Aboboreira foi Emanuel Figueiredo, navegado por Ricardo Pinto, estreante aos comandos do Peugeot 208 Rally4, que esteve na luta pelas primeiras posições das duas rodas motrizes.

O terceiro lugar final, perante um leque de adversários de elevada qualidade, não deixou de ser um ótimo resultado para o piloto de Amarante, cujo objetivo é ter a oportunidade de fazer uma época completa no CPR. Desde miúdo que sonha poder concretizar esse projeto, como teve oportunidade de confessar ao campeonatoportugalderalis.pt

É muito mais difícil fazer ralis de forma esporádica que com regularidade, mesmo correndo “em casa” como sucedeu, recentemente, no Rali Terras D’Aboboreira…

Sim, é muito mais difícil, não tem comparação possível. Principalmente porque nós fizemos a abordagem a este rali como se ele fosse noutro local, em termos geográficos. Ou seja, fazemos os reconhecimentos utilizando uma câmara para gravar os troços, porque o nosso objetivo é vir a disputar os ralis todos e, por isso, era conveniente, no caso do Rali Terras D’Aboboreira, fazer as coisas como se estivéssemos noutra zona do país. É evidente que sendo naturais da região de Amarante conhecemos a zona, mas uma grande parte dos nossos adversários já passou bastantes mais vezes nestes troços cronometrados em competição do que eu alguma vez o fiz. Claro que seria ainda mais difícil se o rali fosse, por exemplo, no Algarve.

À partida da terceira prova do CPR, o sonho era discutir, e se possível vencer, as 2RM com o Peugeot 208 Rally4?

Não escondo esse sonho, principalmente pela ilusão causada pelo resultado conseguido no ano anterior. Em 2023 ficamos, até, surpreendidos com o andamento que conseguimos impor aos comandos do Peugeot 208 R2, um carro inferior ao da concorrência. Este ano tínhamos o sonho de poder discutir a vitória ou ficar perto dela. Agora, analisando tudo a frio, conseguimos perceber que tivemos várias desvantagens, a começar pela falta de quilómetros no carro, para o entender bem e, muito provavelmente, as condições climatéricas também contribuíram para deitar por terra o nosso objetivo.

Tentar discutir a vitória com um carro que não conhecemos em classificativas tão difíceis, devido à chuva, tornou-se uma tarefa muito complicada e quase impossível a nível de objetivos. Daí termos optado, e bem, por adotar um ritmo algo diferente, a nível de gestão, para não cometer erros e tentarmos chegar ao fim. Isso trouxe-nos a alegria de um pódio e, provavelmente, teremos de olhar para este resultado de outra forma, porque o desempenho de 2023 causou-nos uma certa ilusão, mesmo sabendo que era uma tarefa bastante difícil vencer entre os carros de duas rodas motrizes. Lembro que nem 40 quilómetros de testes fizemos com o Peugeot 208 Rally4. Portanto, há que ter os pés bem assentes na terra.

Quais são os planos, a partir de agora, depois do terceiro lugar no CPR 2RM?

Os planos continuam os mesmos… O meu objetivo sempre foi fazer uma época completa de ralis, mas é evidente que há prioridades na vida. O sonho, e grande paixão da minha vida desde criança, é disputar o Campeonato de Portugal de Ralis e penso que o de 2RM será o limite que eu posso almejar, porque os orçamentos para os Rally2 são estratosféricos, pelo menos para a minha realidade.

dois anos que já procurava fazer os ralis todos, o mesmo sucedendo em 2023 e este ano mantenho esse desejo. Neste momento continuo a tentar reunir as condições para que tal seja possível. Mais uma vez conseguimos, agora com um Rally4, ir à luta e só lamento as condições climatéricas, que nos dificultaram ainda mais, em comparação com os nossos adversários, a concretização dos objetivos.

Não sei o que vai suceder daqui para a frente, pois apenas tínhamos garantido este rali e quem sabe se o resultado conseguido pode ajudar em termos de futuro…

Qual o motivo de tantos interregnos numa carreira nos ralis que teve início em 2003?

Felizmente, em 2003 e 2004 consegui fazer ralis, embora de uma forma muito arcaica e ‘à antiga, disputando o Regional. Aliás, fico muito satisfeito por ter vivido a experiência de, passe a expressão com um carro preso por aramese com a ajuda de um grupo de amigos, participar em ralis. Depois, já com o Peugeot 206 GTI cheguei a ter um projeto para concorrer no Open, na altura julgo que em 2008, estive quase a concretizá-lo, mas não cheguei lá.

Os interregnos foram a consequência de lutar pela vida, de fazer algo a nível profissional e pelo meio ainda passei por alguns problemas de saúde, de ordem cardíaca, que também contribuíram para o meu afastamento. Foi uma conjuntura de situações que não me permitiu dar seguimento à participação em ralis. Nos últimos anos acabou por surgir a oportunidade de tentar colocar de pé um projeto, e eu e o Ricardo Pinto já temos aparecido. Este foi o quarto rali que fizemos juntos e o quarto pódio conquistado. Ganhámos o Promo em 2022, fizemos segundo lugar à geral em Mesão Frio, em 2023 segundo à geral 2RM no Aboboreira e agora terceiro. Portanto, creio que devemos estar muito satisfeitos com o que vamos fazendo de forma esporádica

Creditos: campeonatoportugalderalis.pt