DIOGO MARUJO: “O MEU SONHO NOS RALIS É CHEGAR A UMA EQUIPA OFICIAL E ACHO QUE ESTOU NO CAMINHO CERTO”

Aos 19 anos e depois de uma época de 2024 com o Peugeot 208 Rally4, Diogo Marujo, navegado pelo experiente Jorge Carvalho, deu agora o salto para os comandos de um Skoda Fabia Evo Rally2. Aconteceu no Rali Terras D’Aboboreira, que concluiu no nono lugar do Campeonato de Portugal de Ralis e durante o qual pôde, finalmente, sentir-se cómodo, em termos de condução. Esta mudança veio deixar o jovem piloto da Ericeira mais “solto”, já que confessa nunca ter sido capaz de tirar partido do potencial do Rally4, por ser um tração dianteira.
A história do despertar de Diogo Marujo para o desporto automóvel começa com a comemoração do aniversário da empresa de que o pai é proprietário, que incluiu uma jornada na pista de karting do Bombarral. “No final, tinha eu uns 10 anos, decidi experimentar um kart e gostei imenso. Acabei por correr ao longo de seis épocas e, entretanto, também fiz algumas provas de todo-o-terreno”, contou o estudante do primeiro ano de Contabilidade no ISCAL – Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa.
Concluída a etapa do karting, aos 17 anos, e no momento de projetar o futuro, se a lógica seria continuar nas pistas e iniciar uma carreira na velocidade, para Marujo “parecia mais do mesmo”, daí ter seguido a sugestão do pai: os ralis. Estava aí o ponto de partida para um mundo novo no desporto automóvel.

– O que é que descobriu nos ralis?
“Tanta coisa… A sensação de velocidade e o controlo do carro são completamente diferentes daquilo a que eu estava habituado nas pistas e foi essa parte dos ralis que me deixou deslumbrado”.
– Começar nos ralis ao volante do Peugeot 208 Rally4 foi um bom ponto de partida como aprendizagem ou algo “complicado”?
“Sim, foi um bom ponto de partida, porque como eu vinha das pistas e estava habituado a correr sozinho, a única parte complicada é que passei a ter uma pessoa ao lado a ditar-me ‘notas’, para descrever as caraterísticas da estrada. Essa adaptação foi difícil. O Peugeot, sendo um carro mais lento do que os Rally2, ajudou-me bastante a ter tempo de interiorizar a mudança e habituar-me às ‘notas’”.
– O salto para o Rally2 aconteceu porquê? Já não “aguentava” mais guiar um carro de tração às duas rodas…
“Já tínhamos planeado que no final deste ano eu iria mudar para o Rally2. Mas depois da nossa desistência nos dois primeiros ralis do CPR, em Fafe [radiador furado] e no Algarve [rotura de um tubo de água], e também porque surgiu a oportunidade de ficarmos com o Skoda Fabia Evo Rally2, decidimos avançar mais cedo para o novo carro. A verdade é que também nunca me consegui adaptar bem ao Peugeot e ao tipo de condução que ele requer para ser rápido”.
– O que é que faltava ao Diogo Marujo para tirar partido do Peugeot 208 Rally4?
“A parte em que eu sentia mais dificuldade residia no facto de ser um carro de tração dianteira, muito diferente daquilo a que eu estava habituado, tanto nos karts como no todo-o-terreno. Na primeira época até deixei de fazer provas de TT para conseguir focar-me apenas nos ralis. Como o carro do TT era 4X4 e o Peugeot 4X2, acabava por me baralhar com este último na forma como devia controlá-lo para ser rápido”.
– Qual foi a sensação de guiar o Skoda Fabia Evo Rally2?
“Espetacular! Senti-me de imediato mais confortável a conduzir o Skoda. Tudo acontece de forma bastante natural. Como é óbvio, estou mais à-vontade ao volante do Rally2. Consigo fazer facilmente aquilo que pretendo, ao contrário do que sucedia com o Peugeot”.
– Agora segue-se a estreia no Vodafone Rally de Portugal. Vai disputar a totalidade da prova, com o objetivo de aprender e evoluir?
“Sim, a ideia é essa, fazer os três dias de prova, tentando aguentar ao máximo para evoluir e fazer quilómetros com o Skoda. Já faz parte da preparação da época de 2026”.
– Que metas é que o Diogo estabeleceu a si próprio a curto/médio prazo?
“No imediato, a prioridade é sentir-me confortável. Não penso, nem é necessário neste momento, estar no ritmo dos pilotos da frente, mas ambiciono conseguir, gradualmente, aproximar-me. Direi que preciso de melhorar a velocidade e, claro, evoluir também nas travagens”.
– Até onde pretende chegar, em termos de futuro, como piloto? A uma equipa oficial?
“Acho que chegar a uma equipa oficial é o sonho de qualquer piloto. A longo prazo, pretendemos concretizar esse objetivo e acho que estou no caminho certo. O futuro só depende de mim. Claro que quando surgir a oportunidade irei adorar, com toda a certeza, disputar ralis fora de Portugal”.