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Gonçalo Henriques, bicampeão do CPR 2RM: “Se o Pai Natal trouxer um Rally2 estarei disponível para o conduzir”

Entrevista com o bi-Campeão CPR 2RM - Gonçalo Henriques

Aos 26 anos e apenas no espaço de três épocas, Gonçalo Henriques saltou para a ribalta do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR) e hoje é já uma referência, personificando a nova vaga de jovens valores que despontou nesta modalidade do desporto automóvel. Tudo começou em 2022, quando o nativo de Vila Nova de Poiares, até então com três anos de participações intermitentes em ralis regionais, se inscreveu no FPAK Júnior Team de Ralis, o projeto pioneiro lançado pela entidade federativa destinado à descoberta de novos valores. Campeão nesse ano de estreia, Gonçalo subiu de patamar e no CPR’2023 voltou a deixar a sua marca, ao sagrar-se campeão 2RM (duas rodas motrizes), com o Renault Clio Rally4 da Domingos Sport Competição.

Esta temporada, ainda e sempre com um orçamento apertado, repetiu a conquista, mas nem assim o futuro, que é como quem diz 2025, se perspetiva ao volante de um Rally2…

– Em três épocas… três títulos, primeiro no FPAK Júnior Team, depois no CPR 2RM e agora, em 2024, o bicampeonato. Está a viver um sonho, fazendo uma breve retrospetiva da carreira…

“Claro que sim. Já referi várias vezes que embora sonhasse um dia fazer algo mais importante nos ralis, nunca tinha imaginado ser possível disputar o Campeonato de Portugal, mas a verdade é que a participação no FPAK Júnior Team abriu essa porta. Fui campeão uma vez, agora a segunda. Direi que ainda nem acredito que fui campeão uma vez, quanto mais duas… De facto, é muitíssimo bom o que consegui até agora, superando todas as minhas expetativas”.

– Qual foi o momento-chave, este ano, para embalar rumo ao segundo título de campeão nacional?

“O Campeonato foi muito disputado. O Hugo [Lopes] teve um acidente em Castelo Branco, numa altura em que a nossa pontuação era mais ou menos idêntica, e essa desistência permitiu-me assumir a liderança. A partir daí passei a gerir, apesar de termos passado por algumas dificuldades a nível de afinações do carro, o que nos levou a trabalhar para evoluir nesse capítulo. Chegámos ao último rali a sentirmo-nos bem com o carro e conseguimos vencer mais uma vez, embora sem necessidade, porque depois do acidente do Hugo foi possível controlar melhor a nossa vantagem pontual”.

– É capaz de recordar o que tem na memória do melhor e do pior de 2024?

“O pior de 2024 foi, sem dúvida, o esforço que tivemos de fazer para conseguir disputar todas as provas do CPR, pois não tínhamos a totalidade de dinheiro necessário do orçamento delineado. Depois, duas desistências consecutivas, em Amarante e no Algarve, deixaram-nos sem margem de erro.

Os melhores momentos foram as vitórias, em número de quatro, e em ralis difíceis, uma delas, recordo, a beneficiar do acidente do Hugo. Também vencemos porque estávamos lá, logo a seguir a ele. Necessitámos de ser inteligentes, pois não tínhamos dinheiro para o caso de surgirem acidentes, daí imprimirmos um andamento cauteloso. Consegui alcançar o objetivo e também evoluímos muito em 2024”.

– A conquista do campeonato de 2024 foi mais fácil ou mais difícil que o anterior?

“Eu direi que foi diferente. Acho que nunca senti tanta pressão como neste último Rali Vidreiro, porque tanto no FPAK Júnior Team como no CPR 2RM de 2023 eu cheguei à última prova em segundo e tinha que ganhar para ser campeão. Em ambas as circunstâncias, pior do que estava já não ia ficar, só tinha que lutar pela vitória.

Este cheguei em primeiro à última prova, a pressão estava do meu lado, porque não era necessário vencer, só tinha que concluir o rali nas primeiras quatro posições. Gerir as emoções não foi nada fácil, acabámos por vencer, mas sem arriscar nada”.

– E agora, como irá ser 2025? É chegada a hora de dar o salto para o volante de um Rally2 no CPR?

“Penso que ainda não vai ser o meu ano! Vamos continuar a trabalhar e montar um projeto bem mais estruturado e completo que o deste ano. Senão for possível correr de Rally2, trabalharemos para que um dia esse passo seja dado”.

– Se o Gonçalo Henriques não conseguir apoios para um Rally2, admite continuar nas 2RM ou pensa em despedir-se dos ralis do CPR?

“Talvez tente fazer outro campeonato, não sei. Vamos ver como as coisas poderão decorrer… Se calhar, a nossa intenção é mudar de ares, a nível de campeonato. Um Europeu 2RM não seria má ideia, por exemplo, em 2025. Para já é só um sonho nosso e há uma equipa com muita vontade de também nos ajudar.”

– Que desejo vai pedir ao Pai Natal?

“Se o Pai Natal quiser trazer um Rally2 eu estarei disponível para o conduzir”.

Creditos: campeonatoportugalderalis.pt